Aproveitando que a vida adulta trouxe novidades - entre elas, um amor surpreendente pelos livros clássicos - eis uma tag sobre essa categoria literária:
1. Um livro superestimado de que você não gosta:
Quanta ousadia mandar botar na roda um CLÁSSICO "superestimado", não? Mas, já que é pessoal... Iracema, de José de Alencar. Eu o li duas vezes, é bem pequenininho e sempre vejo pessoas defendendo sua importância. Ele é um livro cobrado em vestibulares muito concorridos e a Tatiana Feltrin falou dele. Apesar do vídeo reconciliatório dela, em que afirma querer nos convidar a reler o livro - caso já o tenhamos feito - continuo sem a mínima vontade de pegá-lo pela terceira vez, resoluta em minha posição de que será uma perda de tempo - tempo precioso em que eu poderia realmente ler algo que valha a pena.
Motivos? Bom, já escutei muitos argumentos favoráveis ao livro por ele ter um estilo revolucionário em si, por ele representar as relações entre Brasil e Portugal etc, mas o que ficou, para mim, é uma narrativa enfadonha e piegas da personificação da extrema passividade. Basicamente, a Iracema vivia um plano de vida "A", que foi delineado para ela: ser a filha do pajé e proteger a aldeia com a própria virgindade. Ela se apaixona pelo português Martim e realiza uma escolha, isto é, plano de vida "B": ela sai desse caminho, já que deixa de ser virgem, e entrega seu amor a Martim, que acaba por rejeitá-la. Sem o segredo de Jurema e sem o amor de Martim, grávida, ela vai definhando ao longo da história, sendo incapaz inclusive de amamentar o filho - Moacir, "filho da dor".
É essencial para a vida entrar em contato com a dor e com o sofrimento, pois é partir disso que crescemos. Aprender é um processo doloroso de crescimento, em que somos convidados a nos deparar com nossa própria insignificância e, ao mesmo tempo, com a capacidade de ampliar nossos horizontes. Entrar em contato com a dor e com a impotência diante das vicissitudes é essencial.
Render-se, contudo, à dor e desligar-se da existência não é essencial. Minha posição é de que sempre há uma saída para a vida - sempre é possível dar a volta por cima. Dessa forma, não me sinto convidada, lisonjeada ou mesmo tentada a reverenciar uma estória que trate de uma condição de passividade, enfadonha e melosamente narrada, apenas porque outros consideram-na importante o suficiente para uma releitura. Mesmo que me apontem a importância histórica e literária dele, não será o suficiente para eu lhe dar crédito porque, se fizermos uma lista de livros importantes para a humanidade, ela será tão extensa que precisarei de umas sessenta vidas até chegar a vez de Iracema. Logo, por mais "importante" que seja, não é importante o suficiente. :)
Motivos? Bom, já escutei muitos argumentos favoráveis ao livro por ele ter um estilo revolucionário em si, por ele representar as relações entre Brasil e Portugal etc, mas o que ficou, para mim, é uma narrativa enfadonha e piegas da personificação da extrema passividade. Basicamente, a Iracema vivia um plano de vida "A", que foi delineado para ela: ser a filha do pajé e proteger a aldeia com a própria virgindade. Ela se apaixona pelo português Martim e realiza uma escolha, isto é, plano de vida "B": ela sai desse caminho, já que deixa de ser virgem, e entrega seu amor a Martim, que acaba por rejeitá-la. Sem o segredo de Jurema e sem o amor de Martim, grávida, ela vai definhando ao longo da história, sendo incapaz inclusive de amamentar o filho - Moacir, "filho da dor".
É essencial para a vida entrar em contato com a dor e com o sofrimento, pois é partir disso que crescemos. Aprender é um processo doloroso de crescimento, em que somos convidados a nos deparar com nossa própria insignificância e, ao mesmo tempo, com a capacidade de ampliar nossos horizontes. Entrar em contato com a dor e com a impotência diante das vicissitudes é essencial.
Render-se, contudo, à dor e desligar-se da existência não é essencial. Minha posição é de que sempre há uma saída para a vida - sempre é possível dar a volta por cima. Dessa forma, não me sinto convidada, lisonjeada ou mesmo tentada a reverenciar uma estória que trate de uma condição de passividade, enfadonha e melosamente narrada, apenas porque outros consideram-na importante o suficiente para uma releitura. Mesmo que me apontem a importância histórica e literária dele, não será o suficiente para eu lhe dar crédito porque, se fizermos uma lista de livros importantes para a humanidade, ela será tão extensa que precisarei de umas sessenta vidas até chegar a vez de Iracema. Logo, por mais "importante" que seja, não é importante o suficiente. :)
2. Época sobre o qual você mais gosta de ler:
Durante muito tempo, gostei mais do período regencial inglês narrado pela Jane Austen; hoje curto bastante os anos 80 dos contos de Stephen King e 90 de Harry Potter - sim, Harry Potter é uma história que se passa nos anos 90! Por que gosto dessa época? Porque é um período anterior à atual era digital, mas nem tão distante da gente, por isso é fácil apreender o cenário - e a apreensão do cenário facilita nossa imersão na história. Não que, para ser imersivo, um livro dependa de nosso conhecimento do cenário - mas, quando isso ocorre, facilita demais as coisas. Essa época também me é nostálgica, já que fala de minha infância e da cultura que conheci na época.
Gosto bastante também de narrativas do final do século XIX e início do século XX, como Éramos Seis, Brás, Bexiga e Barra Funda e Memórias de um Sargento de Milícias...
Gosto bastante também de narrativas do final do século XIX e início do século XX, como Éramos Seis, Brás, Bexiga e Barra Funda e Memórias de um Sargento de Milícias...
3. Conto de fadas favorito:
Quando era criança, amava contos dos irmãos Grimm, especialmente João e Maria e O Gato de Botas; eram histórias que continham a miséria como pano de fundo, em que os protagonistas eram vulneráveis e acabavam se utilizando da própria astúcia para dar a volta por cima - muito bom para lidar com a angústia infantil, não?
Embora João e Maria me atraia até hoje - como não sonhar com a casa de pão-de-ló e janela de doces da bruxa? - o meu conto preferido atualmente é, sem dúvida alguma, A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, que só fui ler depois de adulta. Na realidade, nunca gostei das histórias do Andersen por serem muito sérias e melancólicas - e talvez seja esse justamente o elemento que me chame a atenção depois de crescida!
Farei um post de Literatura sobre A Pequena Sereia; até lá, adianto que o me atrai nesse conto, especificamente, é o tamanho dele em relação aos outros - quase trinta páginas - a riqueza do cenário e a representação das personagens na história. É um conto com lições muito importantes inclusive para nós, adultos, com um cenário desenvolvido criativamente, uma construção consistente e profunda de personagens e um enfoque no mundo interior da personagem em detrimento do exterior - marca registrada de Andersen. Basicamente, é uma história sobre não conseguirmos ter tudo o que queremos - especialmente se quisermos algo que dependa de outra pessoa - embora nos empenhemos ao máximo para realizar nossos sonhos. É também uma história sobre ter um desejo e se surpreender com um rumo bem diferente para a própria vida a partir da ação que se efetua em busca da realização desse desejo. É bem mais maduro e surpreendente que outros contos infantis!
Quando era criança, amava contos dos irmãos Grimm, especialmente João e Maria e O Gato de Botas; eram histórias que continham a miséria como pano de fundo, em que os protagonistas eram vulneráveis e acabavam se utilizando da própria astúcia para dar a volta por cima - muito bom para lidar com a angústia infantil, não?
Embora João e Maria me atraia até hoje - como não sonhar com a casa de pão-de-ló e janela de doces da bruxa? - o meu conto preferido atualmente é, sem dúvida alguma, A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, que só fui ler depois de adulta. Na realidade, nunca gostei das histórias do Andersen por serem muito sérias e melancólicas - e talvez seja esse justamente o elemento que me chame a atenção depois de crescida!
Farei um post de Literatura sobre A Pequena Sereia; até lá, adianto que o me atrai nesse conto, especificamente, é o tamanho dele em relação aos outros - quase trinta páginas - a riqueza do cenário e a representação das personagens na história. É um conto com lições muito importantes inclusive para nós, adultos, com um cenário desenvolvido criativamente, uma construção consistente e profunda de personagens e um enfoque no mundo interior da personagem em detrimento do exterior - marca registrada de Andersen. Basicamente, é uma história sobre não conseguirmos ter tudo o que queremos - especialmente se quisermos algo que dependa de outra pessoa - embora nos empenhemos ao máximo para realizar nossos sonhos. É também uma história sobre ter um desejo e se surpreender com um rumo bem diferente para a própria vida a partir da ação que se efetua em busca da realização desse desejo. É bem mais maduro e surpreendente que outros contos infantis!
4. Um clássico que você tem vergonha de não ter lido:
Nossa, vários, infelizmente. Vamos ver... Memórias Póstumas de Brás Cubas, Capitães da Areia, Moby Dick, Frankenstein, Cem Anos de Solidão, Os Miseráveis...
5. Top 5 de clássicos que pretende ler em breve:
- Por Quem Os Sinos Dobram, que já estou lendo;
- Anna Kariênina, para entrar de cabeça na literatura russa <3
- Os Miseráveis, porque vi o filme antigo, li uma versão infanto-juvenil e a história é linda <3
- Cem Anos de Solidão, porque quero ler Gabo, mas talvez comece por O Amor nos Tempos do Cólera;
- Os Maias, para ler algo de Eça de Queirós, já que As Cidades e as Serras não rolou nem na terceira tentativa.
- Grande Sertão: Veredas, porque ADOREI Sagarana e adorei o estilo de João Guimarães Rosa. E porque um "top 5" é pouco.
6. Livro ou série favorita baseada em um clássico:
Série: Once Upon A Time. Excelente repaginação de contos de fada, apesar dos efeitos especiais péssimos.
Livro: acabei de ler Darcy's Diaries e Henry Tilney's Diary, que integram uma série escrita pela autora contemporânea Amanda Grange e recontam os clássicos da Jane Austen sob o ponto de vista dos pares românticos de nossas heroínas clássicas. São ótimos! É quase como ler a própria Jane, com o diferencial de, por ser um livro de autoria contemporânea, você se identificar melhor com a narrativa - embora preserve muito da obra original.
7. Filme favorito baseado em um clássico;
Olha, eu adoro 10 Things I Hate About You, que é uma adaptação contemporânea adolescente de A Megera Domada, de Shakespeare.
E adorei Maleficent, que é a versão de A Bela Adormecida contada pela bruxa malvada.
Ah, e Austenland! Baseado nos livros da Jane Austen!
Orgulho e Preconceito (2005) e A Abadia de Northanger (2007) são ótimos!
Quando criança, também adorava Os Três Mosqueteiros (1993) e quero ver o de 2011!
8. Pior adaptação para o cinema de um livro clássico:
Eu ia responder "ANJOS E DEMÔNIOS" de uma sentada só, mas é para falar de clássico, não é? Todas as minhas decepções são contemporâneas - tendo a achar que as adaptações de clássicos saem muito boas. Ok, vai um: achei Palácio das Ilusões (1999) confuso. Ele é uma adaptação de Mansfield Park que funde a Fanny Price com a própria Jane Austen; assim, a protagonista é muito mais vigorosa e sarcástica que a doce e afável Fanny do livro. Além disso, a saúde de Fanny, no livro, é mais frágil, e ela é descrita como tendo gentis olhos claros - se não me engano, verdes. A Fanny do filme, brilhantemente interpretada por Frances O'Connor, é muito mais parecida - fisicamente - com a srta. Crawford, a antagonista, com seus impactantes olhos castanhos e escuros. A diretora foi bem insistente numa promissora amarração política e tentou realmente fundir o livro com a biografia da Jane Austen, mas o resultado saiu terrivelmente confuso. Eu me lembro de que algumas falas, fielmente retiradas do livro, não faziam muito sentido no filme; foi só quando li o livro, posteriormente, que entendi essas cenas. Não foi a pior adaptação no sentido de eu detestar, até porque vi várias vezes (adoro, inclusive), mas ficou na minha cabeça como confusa e incompleta.
9. Coleção de clássicos da qual gostaria de ter mais livros:
Uma coleção da Abril maravilhosa, com capa de tecido! Ela é toda simples, leve e com páginas finas e diagramação modesta, mas a capa é MARAVILHOSA! Sou apaixonada e me ressinto por não ter todos os livros.
10. Um clássico subestimado que você recomenda.
Existe clássico subestimado?
Contos de Machado de Assis. Eu sei que o Machado de Assis não é subestimado de forma alguma, por isso explico: as pessoas falam DEMAIS em Dom Casmurro, principalmente num cenário feminista, e prezam demais o Memórias Póstumas porque cai no vestibular. Confesso que não gosto tanto dos livros dele quanto gosto das crônicas. Em minha opinião, ele é muito melhor e mais imersivo com crônicas do que com livros inteiros... por isso, sempre que posso, falo dos contos dele. Quando mais nova, reli demais o Conto de Escola.
Tagueio: a Soraya, a Mari e você, que leu este post e quer responder às perguntas!
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