sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Observações sobre o enredo de Fringe

Olivia e Bolivia. No final, acabei gostando das duas, mas o melhor cabelo é, sem dúvida, o da Bolivia (ou Falsolivia).























Hoje estou no trabalho e, enquanto leio sobre algo pertinente a ele, estava refletindo sobre um seriado que não vejo há muito tempo: Fringe. Eu estava há tempos pensando em criar um blog, e foi justamente pensar nessa série que me fez concretizar essa vontade - finalmente eu tinha um piloto, algo concreto sobre o qual escrever.

Para quem não sabe, Fringe é basicamente assim: conhecem aquela máxima de que, numa frase que inclui a conjunção "mas", o que é realmente importante na mensagem é o que procede esse "mas"? Então, Fringe ignora justamente esse trecho que vem depois. Algo como: o ser humano poderia entrar em combustão espontânea a qualquer momento, MAS... Ou então: daria para criar fendas temporais, MAS... Ou ainda: telecinese é possível, MAS...

Ou seja, para Fringe, não existe "mas". Tudo pode acontecer e ponto final.



E temos um cientista maluco que sabe disso e não se cansa de esfregar isso na cara das pessoas.


    
          
- Então, gente, vou explicar para vocês como saiu aquele bebê-lagarto azul-da-Prússia vomitando laser da vesícula biliar da vítima... claro que isso é possível, como poderia não ser?  


E a série mostra como forças desconhecidas (que logo conhecemos) mexe com esses elementos exóticos, e uma sucursal do FBI fica encarregada de lidar com eles - uma equipe capitaneada por um trio composto por um velho cientista ingênuo e genial, com um passado sombrio (Walter Bishop); seu filho igualmente genial, porém não-estudado, introvertido e sarcástico (Peter Bishop), e pela policial madura, intuitiva e independente, com um espírito de liderança por vezes subestimados devido ao seu segundo cromossomo sexual X (Olivia Dunham).

Por mais viajada que a série seja, eu simplesmente a adoro, e adoro os personagens principais. Quero dizer, o Bishop-pai é legal e viaja fantasticamente nas biofísico-químicas da vida, mas eu não o curto tanto quanto curto a Olivia (a policial). Ela é uma mulher alta e loira, só que o detalhe de que mais gosto em sua aparência é a elegância discreta que possui. Por exemplo, a atriz, em alguns episódios, aparece com as unhas dos pés pintadas de vermelho e das mãos com um discreto perolado, e a gente não a vê usando brincos nem nada - a vaidade dela é condizente não apenas com sua profissão, mas também com sua personalidade prática. Seus cabelos nunca têm muita firula, e a maquiagem é sempre básica. Além disso, a atriz carrega uma expressão muito inteligente - o olhar dela é muito expressivo. 


Eu sei que o cinema, especialmente o estadunidense, está impregnado por uma moda clean e discreta, mas não é a mesma coisa: Olivia não é apenas uma mulher simples, existe algo de masculinizado nela, e não tem nada a ver com o estereótipo de mulher policial durona que tenta não ser emotiva, não tem nada disso! Ela tem uma voz firme e grave, trejeitos pouco afeminados, mas tem um jeito assumidamente protetor e maternal extremamente femininos, e é essa mistura que a destaca como protagonista. Ela é feminina, se coloca como uma mulher feminina e emotiva, mas não é uma femme fatale e muito menos um manequim com cintura dos anos 50.           


(Spoiler is coming)


Com o tempo, a gente descobre que os responsáveis por tantos atentados exóticos que compõem o elemento sobrenatural da trama são pessoas de uma realidade paralela à nossa, composta por nós mesmos, porém frutos de escolhas diferentes, rumos diferentes; basicamente, somos nossos próprios inimigos! E então temos uma corrida armamentista na qual a dimensão que for mais poderosa vencerá; nesse meio-tempo, a Olivia acaba indo para o outro lado buscar o Peter (é uma longa história) e fica presa lá no final da segunda temporada - e é quando vem minha parte preferida, que me motivou a escrever este blog.


De um lado, temos a Olivia para a qual torcemos, loira, calma, discreta, órfã, protetora, com uma irmã caçula e uma sobrinha, tentando salvar a nossa realidade, presa contra a vontade naquela dimensão; do outro, temos uma Olivia(Bolivia) mais sorridente, tranqüila, com a mãe viva, os cabelos pintados de ruivo (eu AMO tanto a cor quanto o corte), leal à própria dimensão que, ao trocar de lugar com nossa Olivia, prendeu-a propositalmente na outra dimensão. Aliás, o momento em que Bolivia deixa seu alterego desacordado e se junta aos nossos heróis para voltar ao nosso plano também foi sensacional! Você morre de raiva dela e também de todos os nossos rapazes cientistas - sempre tão perspicazes e pragmáticos - que não perceberam a diferença entre a legítima e a impostora - porque há uma diferença, mesmo se tratando da mesma pessoa, certo? CERTO?! Hahahaha

         
Para piorar (ou melhorar), acontece um triângulo amoroso entre Peter e as duas Olivias - uma novela a nível quântico! Imagino que talvez seja como se apaixonar, sei lá, por um elétron e se sentir dividido por isso.
         
Por mais que a Bolivia nos mostre que não é a vilã da história - que, na realidade, só quer proteger o próprio mundo, você torce contra ela. Você entende a Olivia, você sente raiva por a Bolivia ser tão linda, confiante e sorridente, e a Olivia, tão insegura, séria e imperfeita. Você percebe que temos todos os motivos do mundo para preferir a Bolivia, e que o Peter também tem (ele acaba se apaixonando por Olivia, mas se relaciona com a espiã sem perceber), e então você se identifica mais com a Olivia. Você entende quando ela desabafa sobre como se sente uma cópia sem sal perto de Bolivia, você entende o que é, para a Olivia, saber que existe um alterego dela, só que melhor, mais perfeita, mais alegre e entende o que é sentir que pode ser substituído não como profissional, mas como um indivíduo em sua totalidade. A Física do seriado é tão louca que você substituir você mesmo - e até sofrer por isso.
      
E logo você acompanha o processo de aceitação, quando Olivia vê que Bolívia não é uma ladra de identidade - apenas ela mesma. True story.          
        
Mas isso vem depois da minha crise preferida.
      
O que mais curti na série foi quando, durante a terceira temporada, ela fica presa na realidade alternativa enquanto a Bolívia vem para a nossa dimensão e se passa por ela. É angustiante ver a Olivia tentando voltar para casa e não conseguindo, e então você pensa: cara, ela está em outra dimensão! Não importa o quanto ela ande, ela sempre estará lá, como ela vai driblar a Física de novo? Como ela vai fazer? Será que vai conseguir? Bom, eu sabia que sim, porque não agüentei esperar por todos os episódios e pesquisei na net assim que ela ficou presa na season finale mas, mesmo assim... minhas unhas foram figurativamente roídas.
        
Vou tentar explicar exatamente por que amei isso. A idéia de viajar para outro mundo através de um portal é fantástica; a idéia de ficar preso nesse mundo, contudo, é angustiante. E, nesse meio-tempo, Olivia tinha praticamente só inimigos nesse outro lado, e se não conseguisse voltar para sua realidade a tempo, iam matá-la e usar seu cérebro em prol da ciência. E ela também fica nesse trabalho de espionagem, de fingir que sofreu lavagem cerebral completa (queriam que ela acreditasse ser a Bolivia para que o plano de espionagem de Bolivia fosse perfeito) enquanto tem alucinações sobre o Peter, e essa alucinação a aconselha sempre a ir embora, e ela se agarra à fantasia para tentar escapar! 
       
E a abertura da série, que já é ótima, não deixa a desejar no seguinte ponto: na primeira metade dessa terceira temporada, um episódio se passa na nossa dimensão, e o seguinte, na outra dimensão - e assim se revezam. Você percebe de antemão que o episódio ocorrerá em qual dimensão de acordo com a cor da abertura - azul na nossa realidade, vermelha na outra. Então aí vem a melhor parte: no episódio final dessa saga, em que as Olivias finalmente retornam aos seus respectivos mundos, a abertura vai trocando de cores para indicar que a história se passará em ambos os mundos! E eu acho isso simplesmente FANTÁSTICO! Pode parecer bobagem simplesmente escrever aqui, mas preciso registrar que AMEI isso!
         
A quarta temporada saiu há tempos, e pretendo ver. Contudo, já penso que o ponto alto da série foi justamente o final da segunda temporada e a primeira metade da terceira.

Vou colar os vídeos de abertura de Fringe - talvez vocês me entendam.

Abertura:



Abertura do outro lado:



Abertura mista:




Abertura retrô de Fringe (atenção para o que está escrito):


Pensando bem... eu PRECISO ver os episódios seguintes!


Não fiz a melhor crítica do planeta e nem contei a sinopse da melhor forma, ficou subjetivo demais... mas fica a sugestão! :)

3 comentários:

  1. Hmm... Agora bateu uma curiosidade sobre essa série. Ta na minha lista de seriados pra ver já.

    Tentei não ler muito os spoilers pra não estragar o seriado, mas curti a ideia de jogar você contra você mesmo.

    Liberando mais um espaço nos seriados aqui, eu definitivamente vou baixar essa.

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    1. Olha, eu vi com alguns spoilers as temporadas seguintes e só posso te dizer que não estragou! Acontece muita coisa.

      E já tem data pra acabar, acaba agora na sexta temporada, acho, no centésimo episódio. Acho isso bacana, vai ter começo, meio e fim!

      Veja Fringe que eu vejo Friends... bela troca! xD

      Viu as aberturas?

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    2. Ví sim. E pelas palavras escritas em cada uma, parece que tem bastante conteúdo pela frente.

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