Passo longos períodos sem ouvir com satisfação música alguma. Então, de vez em quando, vem um verdadeiro combo de prazeres musicais...
Não sou uma autoridade no assunto. Mas sou uma caçadora de vícios.
Todo o tempo, encontro-me em uma procura silenciosa, eterna, por aquela música - a música que me fará retornar para algum lugar do tempo em que uma nostalgia desmedida me invade, que me despertará emoções tão profundas que estão quase esquecidas, que me retirará do aposento de razões vãs em que me guardo - tudo para encontrar, novamente, o meu lar.
Quando encontro uma música que é "a música", eu percebo nela uma nova bênção - um portal; com toda a sua cadência, parece quebrar o tempo e o espaço para que eu possa sair, mesmo que de maneira breve, incompleta, para reencontrar o que perdi; mas esse portal logo se fecha, e não importa que eu possa escutar a mesma música eternamente, o portal não fica aberto para sempre. E tudo o que me resta é procurar a próxima, e a próxima além, que possam abrir esse portal efêmero.
É como se suas ondas tivessem algum impacto, gerassem um abalo na estática deste plano que me permitissem comunicar-me com o mundo que perdi. Brevemente.
Como se uma centelha acendesse e eu pudesse olhar, de relance, para o outro lado, sem nunca sair deste; mas um simples olhar poderia me confortar, dar a certeza de que, de fato, esse outro lado existe, e estará, de certa forma, comigo. Embora eu nunca esteja totalmente lá.
Como se uma centelha acendesse e eu pudesse olhar, de relance, para o outro lado, sem nunca sair deste; mas um simples olhar poderia me confortar, dar a certeza de que, de fato, esse outro lado existe, e estará, de certa forma, comigo. Embora eu nunca esteja totalmente lá.
Então, tudo volta ao normal.
Talvez vocês não achem essas músicas tão dignas de abrir fendas espaço-temporais, mas é bom lembrar: é preciso a música e a pessoa corretas. E cada pessoa saberá qual música revelará o seu portal, na freqüência certa. Descubramos, pois, as nossas!