Passo longos períodos sem ouvir com satisfação música alguma. Então, de vez em quando, vem um verdadeiro combo de prazeres musicais...
Não sou uma autoridade no assunto. Mas sou uma caçadora de vícios.
Todo o tempo, encontro-me em uma procura silenciosa, eterna, por aquela música - a música que me fará retornar para algum lugar do tempo em que uma nostalgia desmedida me invade, que me despertará emoções tão profundas que estão quase esquecidas, que me retirará do aposento de razões vãs em que me guardo - tudo para encontrar, novamente, o meu lar.
Quando encontro uma música que é "a música", eu percebo nela uma nova bênção - um portal; com toda a sua cadência, parece quebrar o tempo e o espaço para que eu possa sair, mesmo que de maneira breve, incompleta, para reencontrar o que perdi; mas esse portal logo se fecha, e não importa que eu possa escutar a mesma música eternamente, o portal não fica aberto para sempre. E tudo o que me resta é procurar a próxima, e a próxima além, que possam abrir esse portal efêmero.
É como se suas ondas tivessem algum impacto, gerassem um abalo na estática deste plano que me permitissem comunicar-me com o mundo que perdi. Brevemente.
Como se uma centelha acendesse e eu pudesse olhar, de relance, para o outro lado, sem nunca sair deste; mas um simples olhar poderia me confortar, dar a certeza de que, de fato, esse outro lado existe, e estará, de certa forma, comigo. Embora eu nunca esteja totalmente lá.
Como se uma centelha acendesse e eu pudesse olhar, de relance, para o outro lado, sem nunca sair deste; mas um simples olhar poderia me confortar, dar a certeza de que, de fato, esse outro lado existe, e estará, de certa forma, comigo. Embora eu nunca esteja totalmente lá.
Então, tudo volta ao normal.
Talvez vocês não achem essas músicas tão dignas de abrir fendas espaço-temporais, mas é bom lembrar: é preciso a música e a pessoa corretas. E cada pessoa saberá qual música revelará o seu portal, na freqüência certa. Descubramos, pois, as nossas!
1. Winter Winds - Mumford & Sons
M&S é uma banda inglesa de folk rock que tem estado muito em voga. Isso mesmo: aquelas palavrinhas, britânico e folk, ecoando pelos posts do blog! É uma das bandas preferidas do namorado, por isso eu acabei ouvindo por osmose - e adorando. É muito difícil ouvir algo tão carregado de emoção e não entrar no embalo!
2. Once Upon a December - Anastasia (Tema)
Isso mesmo, aquele filme sobre uma princesa que não é da Disney! Lançado no final dos anos 90, eu vi no cinema! Na época, não curti tanto porque eu não era muito fã de filmes de princesa, mas hoje gosto tanto que vi de novo; além disso, é difícil não me lembrar desta cena, que resume a metáfora da história:
Anastasia remete a uma insatisfação que parece nos perseguir; você se identifica com a história de uma garota aparentemente órfã, que sente saudades de momentos dos quais mal se lembra que remetem a uma infância perdida e ao amor da família; lembranças difusas que trilham com ela uma jornada tortuosa em um mundo real e nem um pouco gentil com sonhadores perdidos. De repente, ela busca suas origens, uma origem no paraíso, uma origem longe da dor, um lugar para o qual retornar, e que seria escapar deste mundo cruel. Ela não sabe quem é, mas traz consigo a verdade de que descobrirá sua identidade quando retornar ao paraíso do qual fora brutalmente tirada, e onde todos a esperam eternamente.
É uma metáfora leve, superficial e gentil para o sentimento de inadequação que nos persegue, que resulta nesse ideal de fuga. Já pensou? Ser infeliz e sonhador nesse mundo cruel para descobrir que se é, na verdade, da Realeza? É a idéia que muitos fariam de Queda do Paraíso.
Claro que, como boa inadequada, eu não acho exatamente o máximo ser, na verdade, um ente perdido de uma Realeza elitista e atrasada, mas isso é o mundo real gritando em meus ouvidos; eu tenho esse saudosismo perdido em algum lugar, mas que transcende essas relações em que o poder resulta no sofrimento do outro - digo, eu não acho que me descobrir ente da Realeza seria exatamente a redescoberta de um paraíso perdido, porque não curto Realezas, não sou fã de conjunturas ideais que sobrevivem da miséria alheia e real. Mas, porque é um desenho, é tudo muito lindo; o que não é lindo é a miséria que acontecia enquanto a pequena Anastasia vivia nos bailes com sua doce família. E, claro, não é o que importa no desenho, mas a dor da separação e o sentimento de inadequação que Anastasia vivencia enquanto busca descobrir sua verdadeira identidade. Como qualquer desenho de conteúdo leve, é unidirecional, focado no sofrimento da personagem, e não nas conjunturas sociais. CLARO.
Porque ninguém é imune a isso: ao desencaixe. É uma essência de que todos partilhamos, separadamente.
3. Touch the Sky - Brave (Tema)
Excelente para começar o dia! Podem vaiar, mas acho que essa música valeu pelo filme inteiro! Adorei Brave, adorei a Merida descabeladona com um arco em mãos, adorei a bruxa, mas não tenho a menor vontade de repetir a dose! E olha que adoro rever filmes!
Mas escuto a música sem parar; portanto, sim, a música valeu pelo filme inteiro!
4. Who We Are - Imagine Dragons
Já Jogos Vorazes - Em Chamas eu tenho vontade de rever! Tema de Catching Fire (não lembro a cena), eu costumava pensar que "Who We Are" seria tocada quando os tributos do Massacre Quaternário entrassem em cena com suas carruagens na abertura dos Jogos, mas me enganei, pelo visto.
Costumava associar a uma multidão enlouquecida com a apresentação dos Tributos; a música correria, mansa, até que os Tributos do 12º, Katniss e Peeta, entrariam em cena, magníficos com suas vestes em brasa, o olhar decidido, abrasivo, sem sorrir para a população, transmitindo a clara mensagem: "Nós não achamos justo. Nós não queremos perdão!"
E a música ao fundo, em seu auge:
Costumava associar a uma multidão enlouquecida com a apresentação dos Tributos; a música correria, mansa, até que os Tributos do 12º, Katniss e Peeta, entrariam em cena, magníficos com suas vestes em brasa, o olhar decidido, abrasivo, sem sorrir para a população, transmitindo a clara mensagem: "Nós não achamos justo. Nós não queremos perdão!"
E a música ao fundo, em seu auge:
"It’s who we are;
Doesn’t matter if we’ve gone too far;
Doesn’t matter if it’s all okay;
Doesn’t matter if it’s not our day."
Fantasias à parte, amo essa música. É uma das canções do meu mundinho interior.
5. Omnos - Eluveitie
Sabe quando você encontra uma música que é a sua música? Esta é a minha. Para os momentos de introversão.
É aquela música que você não apresenta a ninguém, a menos que poste em um blog. Seu blog. Só.
A letra é bastante controversa e do tipo que admite múltiplos significados. Na verdade, passei muito tempo amando essa música sem entender o que dizia e, quando li, fiquei surpresa, mas logo intuí uma interpretação toda particular. :)
Algo como duas facetas da vida digladiando. Ou ainda: a morte da inocência.
Algo como duas facetas da vida digladiando. Ou ainda: a morte da inocência.
6. Neutron Star Collision (Love is Forever) - MUSE
Ouvi essa em "Eclipse" - sim, da saga Crepúsculo! - e me apaixonei; decidi que precisava ouvir a música toda. Cacei, achei e amei. E, por muito tempo, foi aquela música que abria portais.
Ela é toda perfeita, para o momento certo!
Aliás, MUSE é muito bom!
Ela é toda perfeita, para o momento certo!
Aliás, MUSE é muito bom!
7. It's the End of the world as we know it (and I feel fine) - R.E.M.
Esta é dançante! Sim, eu danço quando escuto e canto junto o refrão! Porque ela transmite muita energia, trazendo o caos...
Uma banda: R.E.M.
8. Floating the Flambeau - Gaelic Storm
Eu já postei ela antes; precisei postar de novo porque ainda a escuto muito, e ela também possui a sua magia. Gaelic Storm é mais uma banda de música celta irlandesa e escocesa - criada nos EUA -, e me atraiu de imediato. Esta música, em especial, conta uma história em uma freqüência toda elemental! E é como se eu ouvisse essa história com o coração, por mais piegas que possa parecer. :3
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