domingo, 22 de novembro de 2015

Vivendo a "mágica da arrumação"



A mágica da arrumação, de Marie Kondo, é um daqueles livros cuja leitura não é o suficiente para nos sentirmos satisfeitos - fazer uma resenha literária também não é, tampouco. Por isso, a minha resenha não é sobre ler o livro, mas sobre vivenciá-lo.

Para quem anda meio afastado da gigantesca pilha de best-seller na entrada de qualquer livraria pop ou de franquias de drogarias que se disseminam como a peste, explico: é um novo sucesso que você encontra ao lado de edições como The Fault In Our Stars e 50 Tons de Cinza.

[Falo o nome em inglês do livro porque achei o sentido bem mais interessante do que o da tradução "A Culpa É Das Estrelas".]

O livro foi escrito por uma japonesa profissional em arrumação e que aplica o método KonMari (por ela inventado) em seus clientes; ele consiste em algumas regras que precisam ser seguidas a risco e prometem, ao final, mudar não apenas sua casa - seu lar, seu templo, seu supra-sumo da segurança e do conforto -, mas sua vida, tipo, para sempre. Seu modo de ver o mundo, seu modo de se ver no mundo, suas vontades, suas realizações. Tudo muda.

Projeto ambicioso, não?

sábado, 10 de outubro de 2015

Sessão Repeteco #1



Todos temos idiossincrasias. Algumas bem, digamos, peculiares... no meu caso, uma mania que possuo e da qual poucos são adeptos é ver o mesmo filme centenas de vezes. O namorado, por exemplo, acha isso curiosíssimo, a ponto de chegar para a mãe e dizer "mãe, a Bárbara tem mania de ver um mesmo filme muitas vezes, não é estranho?"

É de família. Meu irmão e minha mãe também fazem isso. Quando eu estava no colegial e chegava da escola, almoçávamos vendo filmes em vídeo repetidamente e só mudávamos quando realmente os havíamos decorado. Meu irmão, certa vez, entreteve de um jeito quase macabro a namorada e o casal de cunhados antecipando TODAS as falas de Pirata do Caribe, que estava passando na TV. Ele sabia TODAS as falas de cor e repetia todas em todas as cenas. Minha cunhada contou isso cheia de admiração, pensando que era uma característica dele - hohoho, ledo engano. Temos ainda a mania de, durante conversas, nos momentos oportunos, usar falas de filmes (dublados ou legendados), imitando a entonação da personagem, e o outro ri porque entende a referência, e ainda complementa com outra imitação. Muitas vezes, não eram falas notórias, mas aleatórias, que sequer foram imortalizadas em forma de gif ou meme, e das quais nos lembrávamos só porque víamos realmente até decorar - muito antes do tumblr existir para fazer isso pela gente.

Todo esse caso com um exagero digno de Sagitário eu contei para justificar a inauguração de uma tag de "cinema repeteco"; ela é formada por filmes que cozinham num loop infinito na minha lista de exibição no netflix sem razão aparente. Explico: são filmes que, muitas vezes, não são extraordinários nem para o bem e nem para o mal, mas que, quando chegam ao fim, eu pauso e vou fazer outra coisa; poucos dias depois, decido que quero rever o filme e dou replay, de forma que ele realmente permanece num loop. E assim vai. Até eu me encontrar em um estado de humor propício a novidades. E isso coincide com o fato de eu enjoar do filme velho.

domingo, 30 de agosto de 2015

Long grey hair!


Linda Rodin, maravilhosamente fotografada pelo blog Advanced Style!
























Algumas pessoas acharão mórbido, mas um dos meus devaneios consiste em imaginar a passagem de tempo no rosto e nas mãos das pessoas. De vez em quando, pego-me olhando para o rosto de alguém e imaginando essa face mais jovem ou mais velha. Esse hábito de observar rostos humanos surgiu da prática de reproduzi-los de forma realista no papel.

É que o desenho, principalmente em versão realista, consiste em você decompor a imagem a ser copiada; um rosto, quando desenhado, não é percebido pelo seu todo, mas visualmente decomposto nas centenas de tonalidades que o constitui, em um complexo jogo de luz e sombras - e é a atenção a esses matizes que torna, afinal, o desenho reconhecível, fiel ao real. De tanto prestar atenção nesses detalhes, peguei essa mania de observar os rostos das pessoas.

Filhinha de uma cultura hollywoodiana, sempre estive acostumada à representação da passagem do tempo pela forma "cinematográfica", ou seja: uma mesma personagem, em idades distintas, sendo interpretada por diferentes atores - por isso, durante a infãncia, eu tinha a impressão de que, quando você envelhecia, você literalmente se transformava em alguém completamente diferente. Quando cresci, finalmente percebi que, na realidade, o seu "eu idoso" é mais fisicamente (e emocionalmente haha) parecido com o seu "eu adulto" e infantil do que o cinema é capaz de transmitir; provavelmente, uma das poucas exceções que mostra o envelhecimento realista é Boyhood, que ainda pretendo ver. Aliás, sobre Boyhood: sempre pensei em rodar um filme EXATAMENTE ASSIM, e tenho certeza de que muitos de vocês já tiveram a mesma idéia - finalmente alguém foi lá e fez! Parabéns, Richard Linklater!

Bom, vendo retratos de parentes e observando pessoas, percebi como é o envelhecimento real. E fiquei com essa mania de olhar para uma pessoa e imaginá-la quando criança e quando velha. Ou, quando vejo um bebê de um ano, olho para ele (e para os pais) e imediatamente imagino como ele será - em aparência e modos - aos dez anos! Ou então como será aos catorze, a cabeça cheia de pensamentos adolescentes e os trejeitos totalmente diferentes daquela criatura com cara de pão que vivia no colo das pessoas.

A partir de como vivo cotidianamente, tento imaginar onde aparecerão meus principais vincos pelas expressões faciais que mais utilizo. Sou uma pessoa muito ansiosa e analítica, então já imagino as marcas de expressão na testa de tanto franzi-la ou de arregalar os olhos. Já os vincos ao redor dos lábios, que algumas pessoas possuem, não serão tão marcantes em mim. Imagino a consistência dos fios do cabelo e até mesmo (cruzes!) se desenvolverei alguma doença física!

Se eu continuar com meu padrão de vida, meus hábitos e meus pensamentos - e atitudes - que tipo de doença poderei desenvolver? Pensar nisso é também uma forma de se conhecer e de evitar o surgimento delas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Sessão nostalgia com Digimon



2015 começou com promessas carregadas de expectativas. Desde as juras coletivas de final de ano de sempre que envolvem maior disciplina e realização de desejos à possível vinda de Marty McFly, o ano prometeu se destacar para nós, seres desejantes. Só que eu não sabia que a coisa seria tão profunda assim.

O ano começou com um Mad Max que, infelizmente, não vi no cinema. Eu só vi o 1 e não tive ainda paciência para ver o 2, embora lendas urbanas digam que vale a pena - porque existem duas verdades no cinema blockbuster:

- Filmes muito ruins que são procedidos por uma segunda versão incrível e inesperadamente ótima, a ponto de esta segunda versão ser considerada a única existente, como foi o caso de Mad Max;
- Trilogias cujo segundo filme é o melhor, e o terceiro, o pior de todos e que, para todos os fins, não existe.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O hábito de ouvir palestras




Tenho esse amigo cujo hábito (saudável) eu gostaria de adquirir: ouvir longos vídeos explicativos, como palestras, entrevistas e aulas. Quem sabe eu ainda o desenvolva?

Sabem aquele tipo de prática de que você ouve falar, pára e pensa "nossa, como nunca me ocorreu fazer isso antes?" Antigamente, havia aqueles CDs de reflexão e auto-ajuda que você podia ouvir no carro - ou em casa, no quarto. Não é bem como ler um livro, mas é um exercício parecido e interessante. É algo tão simples e que muita gente faz, e que ainda quero me lembrar de fazer.

É, primeiro é preciso me lembrar de fazer. É uma daquelas práticas simples e legais que acabam esquecidas no dia-a-dia, soterradas por uma pilha de cacarecos em nossos sótãos mentais.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre mudar de faculdade #2


Parte II - A Mudança de Curso Bourne

Quando tranquei o curso de Farmácia, já havia assistido a um filme chamado "À Procura da Felicidade" (The Pursuit of Happyness), dirigido por Gabriele Muccino. É aquele em que, basicamente, o Will Smith fica andando para lá e para cá com o filhinho dele e passando um perrengue danado, sabem? Então.

Como boa parte da nossa sociedade regida por uma ética protestante - a despeito de uma tradição caótica católica -, internalizei em minha essência uma idéia fervorosa que uma interpretação desatenta desse filme poderia reforçar: a idéia de que todos temos igual capacidade e obrigação de "vencer" na vida mesmo diante das piores circunstâncias, de modo que nosso sucesso é de responsabilidade exclusivamente nossa, sem influência do meio no qual nos inserimos. Todos somos capazes e, quanto pior for a nossa situação momentânea, mais fortes e fodônicos devemos ser; se o "Will Smith", dormindo com o filho pequeno em metrôs e albergues, conseguiu ser bem-sucedido como contador, com certeza eu tinha a obrigação de apresentar uma conduta tão exemplar quanto a dele. Basicamente, segundo esse pensamento, se eu não conseguisse vencer meus obstáculos e tropeçasse em algum momento, a culpa seria total e imperdoavelmente minha - um famoso imperativo que divide pessoas entre "vencedores" e "fracassados"; parece até que essa idéia é coisa de estadunidense, mas ela se faz mais presente na cultura brasileira do que sonha a nossa vã filosofia.

A realidade é que não concordo com nada disso. Não acho que as coisas funcionem de forma maniqueísta; os motivos que regem as escolhas e as ações da humanidade admitem matizes, o que torna a idéia de sucesso ou fracasso distorcida e dura demais. Se a história desse cara, que não era o Will Smith, foi para o cinema, é porque, mais do que uma história de superação, é uma história de exceção, e não devemos ser tão rígidos em fazer da exceção a regra. Se a exceção for uma coisa positiva, podemos torná-la uma regra por meios igualmente positivos - não de forma sádica e perversa. Se quisermos mais pessoas convictas e capazes de dar a volta por cima, não devemos fazê-lo pelo imperativo da raiva, mas com compaixão, compreensão, lucidez, temperança. Mais equilíbrio, menos rigidez.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sobre mudar de faculdade #1

R.E.M. series by Ibai Acevedo
Recebi uma mensagem ontem de alguém perguntando gentilmente como foi minha decisão de largar a faculdade de Farmácia para fazer algo de que eu gostava. Não foi a primeira vez que alguém me perguntou a respeito, mas eu gostei bastante da pergunta. Gostei bastante porque, quando era mais nova, procurava pessoas para perguntar sobre graduação, faculdade, carreira. Fiz isso por muito tempo e queria ser essa pessoa a dar opinião a respeito disso um dia, por isso fico feliz por fazê-lo em forma de post.

Acabei fazendo outro post bíblico que tive que resumir (juro que este é o resumo!) em três partes: como foi minha desilusão, como foi a mudança e o que acredito ser importante pesar na hora de mudar.


Parte I - A Desilusão Bourne

De dez períodos, eu fiz dois em Farmácia-Bioquímica numa das melhores universidades públicas do País - uma grande conquista. Sempre que conto isso para alguém, as pessoas arregalam os olhos e me perguntam como tive coragem de sair; quando olho para o que faço e quem sou e comparo com quem era naquela época, sorrio e digo que não foi tão difícil ter mudado quanto parece.

Abandonar o curso, na realidade, foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Uma música para cada humor!


Hoje embarquei numa leitura de artigos sobre a Teoria Humoral de Hipócrates; estava pensando nisso e com vontade de postar uma lista de músicas, então pensei: por que não juntar as duas coisas?

É claro que é uma brincadeira. Eu não sou nenhuma especialista em Teoria Humoral e nem em Música, mas achei que seria divertido unir esses dois elementos neste post simplesmente porque adoro esses assuntos. Escolhi três músicas para cada tipo de humor baseando-me no meu jeito leigo de interpretar uma música... julguei pelo conjunto da obra, inclusive composição e até mesmo o vídeo de cada uma. Por exemplo, as músicas do "colérico" me parecem mais viscerais (como se elas rasgassem você por dentro, indo láááá no seu âmago e despertando os sentimentos e as paixões mais profundas), enquanto as fleumáticas são leves, doces e estáveis para um lindo dia de sol... as dos sanguíneo são uma vibe mais party, até consigo imaginá-las tocando em uma festa. E as do melancólico possuem expressões e temas reflexivos e são mais calminhas - não tão docinhas quanto as do fleumático, mas mais "maduras" e combinam com um estado retraído e pensativo.

domingo, 2 de agosto de 2015

O Retorno do Blog



(Escrevendo esse título, tocou na minha cabeça a intro de Star Wars e me preparei emocionalmente para as letrinhas flutuantes no espaço que eram simplesmente mágicas!)

Quase seis meses após o último post, de café na mão e um sol persistente no céu azul de domingo, retorno para mais uma postagem como se nada houvesse acontecido. Mas, obviamente, aconteceu, e meus dedos até tremem com a empolgação de escrever isso aqui.

Não é novidade para quem me conhece que eu, uma geminiana com ascendente em Sagitário, enjôo facilmente das coisas; daí, porém, a mudar tudo e ainda conseguir terminar o projeto é uma longa caminhada nesse mundo tridimensional materialista um tanto quanto lerdo - mas insisti nessa idéia. O Caóticos & Compulsivos havia completado mais de ano de vida e acumulado uma quantidade razoável de posts, por isso havia chegado num ponto que viria a calhar contratar um profissional - fosse de design ou de programação -, para dar um novo ar ao blog, deixá-lo mais personalizado. Só que eu queria que, além do resultado, o processo também tivesse um toque meu - além dos posts obviamente assinados por mim, o visual tinha de ser meu, fruto de minhas conexões neurais e de toda a minha obsessividade em pleno funcionamento. O que é muito difícil de conseguir - se você não for um profissional experiente na área.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A viabilidade de sonhos e metas


Ano novo começou e eu fiquei vendo de longe pessoas falarem em planos, reprogramação e vida nova. Fiquei só olhando, curiosa e um pouquinho cética; há muito eu não era dessas pessoas que fazem balanço do ano que passou, que ficam refletindo e fazendo planos, pelo menos não na virada - para mim, todo dia é dia de recomeçar. Tenho 24 horas para mudar minha vida e, ao final do dia, o cronômetro zera - e, no dia seguinte, lá vamos nós de novo.

Só que aí comecei a refletir sobre quanta coisa havia mudado em minha vida. E que eu já tinha bagagem suficiente para refletir sobre planos a longo prazo. E maturidade para podar os ramos desnecessários que ofuscassem a minha visão do mundo. Percebi que eu já tenho cabeça para simplificar as coisas. Para construir planos que funcionam, que têm viabilidade.

Janeiro começou e me bateu uma descarga energética - e me pus a fazer todas aquelas perguntas existencialistas de sempre: o que espero da vida, para quando espero e como posso chegar lá. O que, quando e como.