domingo, 14 de setembro de 2014

A Redenção de New Girl



Uma vez, comecei a ver o primeiro episódio de New Girl, mas não consegui.

Achei sem graça e fiquei desapontada, já que sou o tipo de pessoa que curte a Zooey Deschanel (e a Emily, porque ela tem um nome do meio legal, que é Erin, e porque é a BONES); curto seu jeito, estilo e até mesmo suas músicas... se bem que a maioria delas em "She and Him" são meio chatinhas também.

Enfim, não curti o seriado. Mas aí uns amigos falaram para eu dar uma segunda chance à série, que a coisa melhoraria.

Conhecem essa história, certo?

Eu não gostei porque achei o primeiro episódio excessivamente infantil. Quero dizer, existe uma diferença narcísica e poética entre a infantilidade de um conto de fada, de histórias de aventuras e de comédias como New Girl. A comédia, por sinal, é sobre uma professora toda alternativa que sai de um longo relacionamento e, com a auto-estima baixa e toda chorosa, acaba se mudando para um república com três caras malucos e bonzinhos. E, bom a existência de uma garota na party causa aquela agitação de sempre e foi algo mais forçado que o primeiro episódio de The Big Bang Theory, quando a Penny se muda para o apê do lado.

Todas as piadas foram toscas e carregadas demais, o jeitão da Jess (a Zooey) foi incrivelmente retardado e invasivo e eu fiquei com a cara do Grumpy Cat o episódio inteiro. Sim, eu vi ele todo em seus vinte minutinhos, e daí passei para o próximo. Achei muito infantil como ela vira o centro das atenções e, olha só, não precisa ficar triste porque você foi chutada por um cara, existem três caras de prontidão que vão ignorar terminantemente seu jeito invasivo e vão te consolar sem nem ao menos te conhecerem porque eles são legais demais, mas não possuem vida própria. Então achei que, se a série se baseasse na Jess, nos problemas da Jess, na grande dor existencial dela que consiste no fim de um namoro, com três caras ao redor (mensagem sugerida pela abertura e o título da série), não valeria a pena ver porque excede a dose do que há de mais narcisista - vira uma coisa quase patológica.

O Grumpy Cat, para quem não o conhece, e toda a sua emotividade capricorniana.

E então desliguei aquilo e voltei a ver Buffy, que, bom, pode ser a protagonista, mas ao menos caça vampiros. E não fica roubando a cena sozinha.

Mas como admiro a Zooey, a repercussão da série foi boa e um amigo particularmente difícil de agradar falou que o começo era bobo, mas que depois melhorava, dei alguns meses de trégua e voltei a ver. E agora estou na segunda temporada e me controlando para não ver tudo de uma vez, afinal provas e trabalhos me aguardam.



No final, o protagonismo da Jess não é tão intenso quanto a abertura e o primeiro episódio sugerem; somos apresentados aos rapazes, que possuem individualidade e uma personalidade razoavelmente complexa para uma comédia de vinte minutos; e também tem a Cece, a fantástica melhor amiga da Jess; Jess não é exatamente idolatrada, perfeita ou correta em suas ações, e suas maluquices invasivas acabam se encaixando no contexto. Esses detalhes diluem a infantilidade da coisa. Não falamos mais de uma série linear e infantil, mas de uma série protagonizada por um bando de doidos com personalidades diferentes que se digladiam, se amam e pagam muito mico.


De repente, a série torna-se um bom exercício de inglês, porque demanda uma compreensão além do comum pelo excesso de trocadilhos que você não encontra nem em Friends. Enquanto o professor de inglês recomenda Friends pela fluidez dos diálogos em inglês, New Girl é mais... complicadinho. Não no sentido de ter piadas mais elaboradas, e sim mais trocadilhos, apenas isso.


Na realidade, ao ver New Girl e os trocadilhos, eu percebi como meus amigos se sentem quando faço as minhas piadas: fica aquela coisa estranha, deslocada, complicada, com cara de piada que você se esforça tanto pra entender que o objetivo de ser uma piada se perde, por isso nem rola de dar muita risada.


A série, enfim, é engraçada no todo, e é o tipo de série que te deixa ruborizado de tanta, tanta vergonha alheia. E por isso é muito bom. É do tipo que, quando você se acostuma com o tipo, te faz rir alto.



E se você gosta do Justin Long (meu caso), vai se surpreender (agora não mais) porque ele faz uma ponta na série! E está ótimo. :)

E chorando feito um bebê.

Claro que New Girl tem umas coisas manjadas, como: são três caras, e é óbvio que a Jess vai acabar gostando de um deles. E você já sabe qual é nos primeiros dez minutos. E aí vai curtir todos os episódios seguintes, com suas querelas, já sabendo no que vai dar - apenas pelo prazer de ver a coisa acontecer.



Recomendo? Recomendo.

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