domingo, 27 de julho de 2014

Compulsão do momento: filme "Penelope"



Nessa caravana do inglês a ser aprendido, venho caçando em plenas férias uns filmes legais para ver em meio a tantos seriados bacanas. Após Romancing The Stone e Trouble in Little China (clássicos que merecem post), achei, por acaso, Penelope, li a sinopse e vi despretensiosamente.

Ele tem sido a compulsão do momento. Calculo que o vi cerca de seis vezes em dez dias e, quando comecei a decorar as falas, senti que já podia largar um pouco.

Naturalmente, dedicarei este post a explicar por que o adorei.

Para começar, a protagonista é interpretada pela Christina Ricci, por isso pensei que fosse mais um daqueles filmes que ela protagonizou na adolescência, nos anos 90, sabem? Estilo Gasparzinho, Caçadoras de Aventuras, A Família Addams? Só depois vi que era relativamente recente, de 2007.

Eu diria que é uma história sobre como uma garota se encanta por um mundo do qual o mocinho já se desiludiu...


Ela ficou fofa com esse nariz!

Para mim, a Christina será eternamente a Vandinha e também a esquisitinha que conversava com o Gasparzinho. Ela tem uma aparência interessante por conta do formato dos olhos e do queixo, olhos meio dark, o que acrescenta o que normalmente chamo aqui de beleza nada convencional. Apesar de ela interpretar também garotas normais e bonitas, ela continua sendo pouco convencional para mim, e isso só tem a acrescentar já que, em "Penelope", ela é a versão feminina da Fera na párabola The Beauty and the Beast.





É um conto de fada moderno, em que Penelope nasce amaldiçoada com um focinho de porco, o que a torna feia e indesejável. Para alguns, isso parece exagero, já que ela é toda bonitinha, mas vamos pôr a mão na consciência: por mais que gostemos de ler gibis da turma do Pato Donald, você se casaria com uma pessoa dotada de um focinho de porco no lugar do nariz?

Essa é a pergunta implícita do filme, com respostas controversas.





Pelo sim, pelo não, é estranho, convenhamos. Algo simples e, ao mesmo tempo, estranho. Por isso, a reação das pessoas ao longo da história é plausível: ao mesmo tempo em que Penelope é uma menina doce, inteligente e sonhadora, ela encanta as pessoas com sua espontaneidade, mas ninguém se atreve a se apaixonar por ela realmente - ela encanta por seu jeito, mas é excêntrica pela sua aparência.

Convenhamos: pessoas fazem rinoplastia por muito menos.




O legal é que, quando pensei "uai, por que não fazem uma cirurgia na criança?", o próprio filme encontrou um jeito de tornar essa opção inviável, do contrário a irritadiça e desesperada mãe de Penelope já teria apelado para algum procedimento há muito tempo.



Ah, os tais telefones, sempre presentes!

A essa altura, vocês já devem pressupor que somente o amor verdadeiro pode quebrar esse encanto. "A Bela e a Fera", certo?





Então, sem demora, encontros com finalidades matrimoniais são arranjados, mas todo rapaz literalmente foge da pobre Penelope, que tem a auto-estima massacrada por isso. Rejeitada por seu nariz porcino, ela percebe que dificilmente alguém a aceitará. Principalmente porque, ao que tudo indica, além de aceitá-la, a pessoa a livrá-la do encanto precisa necessariamente ter sangue azul, como ela. Tem uma explicação muito simples e interessante para isso.





Vamos aos motivos principais de eu ter visto esse filme uma porção de vezes:


1. Penelope é uma fofa e dona de um figurino lindo.





A Penelope, com seu jeito meigo, porém rebelde, é encantadora, e não tem como não achá-la fofa, principalmente quando sua voz se torna um pio. Ela é uma personagem coerente e consistente cuja personalidade encaixa com o contexto no qual é inserida.

O interessante é notar como o nariz porcino incomoda mais as pessoas ao seu redor (inclusive a mãe) do que a ela mesma, portadora dessa condição. E o modo como ela transforma a própria vida carregando essa exótica característica é encorajador e foge da noção da princesa trancada na torre. Existe algo de progressivo em sua história, e é isso que encanta: nesse conto de fada, ninguém fica parado esperando a morte o amor chegar.




E vou falar sobre o visual, que é lindíssimo! Principalmente as meias, em tons de verde e púrpura!


E as listras!




Como conto de fada, a história parece trazer uma série de anacronismos, mas tudo isso é usado para compor um cenário fantástico situado no meio do século XX, na época das motos vespas e dos telefones de disco. 



Apaixonada por essas meias.





E esse sapatinho...!





Ela gosta de plantinhas!







E gosta de balanços!

2. O cenário é todo bonito.





O cenário e as tomadas constituem um universo fictício e impecável, e não tem como não reparar nos aposentos da Penelope ou nos do príncipe encantado.



É um ambiente lúdico, com tons de verde e vermelho.

O ângulo, o cenário, a caligrafia! <3



O quarto minimalista que sugere simplicidade e trabalho criativo.


O verde lúdico de Penelope revezando com o marrom antiquado e despojado do "príncipe".



Aqueles quadros no canto superior esquerdo se parecem tanto com os da Nicoletta Ceccoli!





3. Atores legais aparecem "do nada", surpreendendo.

Não gosto de ler as longas sinopses ou o a composição do elenco previamente porque quero ser inteiramente surpreendida no decorrer do filme, e foi bem o que aconteceu. Para começar, do nada aparece o Peter Dinklage...



... e seu pente milagroso.

Aliás, ainda sobre o Dinklage: ele só arrasa. Acabei de vê-lo em X-men, e novamente o temos em um papel em que sua principal característica não está relacionada ao seu porte físico.



Tem a Reese Whiterspoon, que também foi produtora do filme. Agora, o Richard Leaf foi uma agradável surpresa para a pottermaníaca que vos fala, afinal é difícil não reconhecer aquele que deu vida a John Dawlish!


Sem falar no Simon Woods, que do bobalhão e apaixonado Sr. Bingley, encarnou o mimado, dramático, irritadiço, mas não menos cômico Edward Vanderman, o cara de sangue azul que se apavorou com Penelope e agora ameaça o nome da própria família ao revelar para o mundo a existência de uma menina com focinho de porco e, é claro, ser desacreditado. Atuação impecável.













E o "Dawlish" é o compreensivo bartender





E essa foto é para dizer que achei fofo o cabelinho da Reese Whiterspoon nessa cena.


4. O príncipe encantado.




Quando o assunto é o príncipe encantado, as chances de eu achá-lo sem graça nos filmes é significativa. Ainda vou criar uma lista de roteiros, mocinhas e mocinhos que curti ao longo de minha trajetória como cinéfila, mas isso é mais para frente; o que importa é que o "príncipe" de Penelope foi colocado na medida certa por uma gama de motivos.


Ele é realmente engraçado...



Mas tem um problema sério e pessoal que enfrenta ao longo da história, em um enredo paralelo ao de Penelope...


Seus trejeitos são elegantes, com uma desenvoltura natural...



Seu olhar, suas falas e seus trejeitos não são exagerados. Ele não é incompetente ou onipotente, formando um par muito interessante com Penelope.


O cabelo dele ficou ótimo!



O James McAvoy é um excelente ator, mas eu nunca o achei bonito ou mesmo interessante, embora tenha admirado bastante sua atuação em papéis tão discrepantes - um sátiro, um médico ingênuo e torturado e o professor X - em "As Crônicas de Narnia", "O Último Rei da Escócia", "X-men: First Class" e "X-men: Days of Future Past". Ele estava simplesmente brilhante em todos esses papéis, mas é a primeira vez que o acho realmente charmoso, marcante e sutil, bem diferente dos príncipes de estilo "Ken". Assim como Ricci, embora seja bonito, ele consegue ser pouco convencional com os traços marcantes de seu rosto.






E isso não é no sentido pejorativo.





Ele botou aqui o charme preciso pra temperar um filme água-com-açúcar, por isso o espectador pode aguardar trejeitos e sorrisos adoravelmente acompanhados por um visual principesco - no caso, chapéu e cachecol.





E também um dos melhores beijos de filmes românticos que já vi.




Penelope: uma história fofa que recomendo e com enredo, personagens e cenários ótimos - além do desfecho interessantíssimo, que traz uma ótima lição não mencionada neste post. :)

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