quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O hábito de ouvir palestras




Tenho esse amigo cujo hábito (saudável) eu gostaria de adquirir: ouvir longos vídeos explicativos, como palestras, entrevistas e aulas. Quem sabe eu ainda o desenvolva?

Sabem aquele tipo de prática de que você ouve falar, pára e pensa "nossa, como nunca me ocorreu fazer isso antes?" Antigamente, havia aqueles CDs de reflexão e auto-ajuda que você podia ouvir no carro - ou em casa, no quarto. Não é bem como ler um livro, mas é um exercício parecido e interessante. É algo tão simples e que muita gente faz, e que ainda quero me lembrar de fazer.

É, primeiro é preciso me lembrar de fazer. É uma daquelas práticas simples e legais que acabam esquecidas no dia-a-dia, soterradas por uma pilha de cacarecos em nossos sótãos mentais.

Sótãos mentais, aquelas repartições esquecidas e bagunçadas de uma biblioteca cortical gigantesca como a mente do Jonesy, de Dreamcatcher, lembram?

Não tenho paciência para ver vídeos longos no youtube - embora seja capaz de encarar maratonas por cem dias e cem noites de filmes e séries. Vídeos, não. Isso é muito estranho, aliás; adoro ler e fazer postagens quilométricas. Os livros, quanto maiores, melhores - exceto quando você está com muita pressa de adquirir conhecimento e pega um monte de livros pequenininhos para dar conta do recado. Mesmo assim, os livros pequenos demandam bastante atenção e dificilmente alguém vai me pegar no meio da leitura de um texto gigante dizendo "ah, nem, tá longo demais, desisto de ler" - leio tudinho e ainda prefiro textões a textos curtos. 

Contudo, para vídeos, sou incrivelmente preguiçosa.

Vídeos têm que ser de tempo curto; meu número cabalístico, dado em minutos, é "2"; se for maior que 2, a minha chance de continuar vendo o vídeo cai significativamente. 

E quanto ao assunto deste post, que é ver vídeos sobre aulas e palestras? Bom, eu não consigo ficar parada muito tempo olhando para uma tela do youtube; já o namorado não só consegue passar horas fazendo isso como até poderia fazer fotossíntese à base de vídeos visualizados e permanecer com o youtube aberto por cem dias e cem noites sem dormir. Quando paro para ver um vídeo, fico atacada que nem criança hiperativa e me remexo na cadeira como se estivesse sentada sobre um formigueiro. Por quê? O que vídeos do youtube têm de tão diferentes do Netflix? Ainda não tenho a acurácia dos conhecedores de mídia para saber; deve ser algo relacionado com corte e sequência. Talvez seja isso! Birdman, por exemplofoi tão cansativo, nem vou dizer o quanto me aborreci com a bela idéia de dirigir um filme daquele jeito. 

Para quem não sabe do que estou falando: a câmera em Birdman é contínua - ela não descansa, há uma ilusão de ausência de corte. Carregado de significados esse estilo, imagino, mas tudo o que me trouxe foi sono.

Só que agora estou determinada a ouvir mais vídeos - e vídeos longos, de palestras! 

Em vez de ficar babando na frente do computador, tive a magnífica idéia de ouvir palestras enquanto arrumava minhas coisas; gente, é tão relaxante quanto ouvir música e até mais gratificante! Dá uma sensação de produtividade imensa organizar uma bagunça sua enquanto ouve uma palestra que te preenche com conhecimento. Como o processo de arrumar objetos acaba sendo um exercício mecânico, sua atenção fica quase inteiramente voltada para o vídeo, mas sem cansar a visão. Excelente exercício - preciso repetir a dose.

Quem sabe consiga organizar melhor toda a minha bagunça e ainda aprender bastante com palestras e aulas?

Fica a idéia para quem ainda não faz isso; por ora, vou deixar aqui mais um vídeo do Leandro Karnal, cujas palestras são sempre espetaculares - vale muito a pena ver e ouvir! Esta é sobre "Hamlet e o mundo como um palco". Recomendo demais; além de o palestrante ser uma pessoa inspiradora na busca pelo conhecimento, ele faz uma ligação interessante entre Hamlet - passando brevemente por outras obras de Shakespeare - e a sociedade de espetáculo utilizando como exemplo mídias como facebook. É fantástico!

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